terça-feira, 22 de maio de 2012







                                    DEVANEIO

      Sonhei que em um reino muito distante não se conhecia o bem absoluto apesar de sua presença incontestável.

       O senhor de todo mal, Mestre Egorgulho, dominava as ações, reinava sobre os sentimentos e escravizava as emanações etéreas... as poesias.

       De onde eu estava podia contemplar  visualmente o casarão de Mestre Egorgulho, era tão perto que muitas vezes a imaginação me confundia e pensava estar lá dentro, principalmente quando ouvia o doce burburinho das poesias. Não tinha noção do tempo e os lugares me confundiam. Minha certeza era a importância de ser e de que as poesias eram.
       Minha catalepsia  foi quebrada por uma gritaria, luzes e um alvoroço geral. Tomei coragem e fui até o casarão. A porta estava aberta, muitas luzes acesas e apenas a governanta me atendeu. Não precisei perguntar nada, parecia que ela lia meus pensamentos! Então, falou:
       _ Uma poesia se revoltou com a escravidão, aproveitou  raro descuido e fugiu. O Mestre foi atrás dela acompanhado de sua guarda pessoal , os estigmatizadores, seres criados para aprisionar toda forma de alegria espontânea.
       Imediatamente percebi a gravidade da situação. A poesia estava em perigo. Senti-me atraído por sua insanidade, ou beleza, ou coragem , não sei.  Quase que a enxergava  sem abrir os olhos, senti que precisava fazer alguma coisa. Comecei a correr. Precisava chegar até ela antes que ele. Ela corria pelos campos, procurava um lugar para se ocultar. Achei um labirinto de muros altos, podia ouvir Mestre Egorgulho  chegando perto. Sabia que ela estava lá. Procurei por todos corredores, um a um, sua aflição me entorpecia. Quando a alcancei o inimigo estava muito próximo.

       Sentada no chão, rosto entre as mãos, uma aura de tristeza profunda cercava o lugar. Com a urgência que a situação requeria a envolvi com meus braços e ela se levantou. Era poesia encarnada em forma de uma jovem. Seus olhos azuis me encantaram, seu cabelo dourado ao vento parecia reger uma sinfonia. Entendi que era a poesia do amor.

       Mestre Egorgulho e seus asseclas observavam a distância, mas uma força maior os repelia.
       Indaguei a ela:
       _ Por que não me chamou antes? Eu teria te ajudado desde o começo! Sem responder  nada ela sorriu, fechou os olhos e se encolheu no meu abraço. Caminhamos juntos desde aquele momento. O mal nunca mais se aproximou!

             

2 comentários:

  1. Adorei...Já me senti como essa poesia perdida, revoltada...
    Pra mim este sonho foi bem real, pois vc está sempre me amparando com todo amor e carinho.Amo vc!

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  2. Muito bom Douglas!!! liberdade a arte para que poesias e outras formas de arte não necessitem fugir para se tornarem conhecidas e livres!!! texto de mta sensibilidade!! :-)

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